No dia 15/12/2021 tive o prazer de poder assistir à apresentação à distância, promovida pelo SAMU de Belo Horizonte e ministrada pelo Dr. David Szpilman, referência global em afogamento. Em uma procura rápida no Pubmed, consegui encontrar 38 publicações em grandes revistas indexadas e de renome, que o tem como autor ou coautor abordando esse tema (foto 1).
Na sua brilhante apresentação, com muita simpatia e receptividade, o Dr. Szpilman comentou sobre a importância mundial do tema, pois o nosso planeta tem 75% da sua superfície recoberta por água. Portanto, será inevitável que os sistemas de emergência tenham que se preparar para atendimento ao afogado, incluindo aí o nosso país (figura 1).
Continuando a sua apresentação, algumas informações importantes foram fornecidas para a plateia:
- A cada minuto no mundo 10 pessoas se afogam e uma delas morre.
- No Brasil é importante causa de morte entre crianças e jovens: 2ª: 1 a 4 anos; 3ª: 5 a 14 anos; 4ª: 15 a 24 anos (figura 2).
- Em 2018 foram 5597 óbitos no nosso país (figura 2).
- Em 90% dos casos, os incidentes acontecem em águas naturais: rio, mar, lagoa, cachoeira, córrego etc.
- Representa um gasto anual médio de 1,4 bilhões de reais.
- A prevenção é a estratégia de maior impacto na diminuição da mortalidade e do custo. Com isso, a divulgação e implantação da “cadeia da sobrevivência” é uma estratégia pública muito importante.1
- Apesar de tudo, uma notícia boa, as mortes por afogamento têm diminuído no Brasil.
- As mortes e as hospitalizações são apenas a ponta do iceberg e representam apenas 6% do problema.
Ao final da palestra, o Dr. Szpilman ressaltou a importância da prevenção, do suporte básico de vida e da classificação do afogamento no atendimento ao paciente.
Na sequência, apresentou alguns exemplos de eventos em que a estratégia da “cadeia da sobrevivência” foi utilizada (figura 3).1
A classificação do afogamento proposta por Szpilman baseia-se na gravidade do evento e na presença dos de determinados sinais e sintomas apresentados pelo paciente no momento da sua avaliação na cena.2
Grau 1: assintomático ou tosse; ausculta pulmonar normal
Grau 2: sintomático, com crepitações à ausculta pulmonar
Grau 3: edema agudo de pulmão, sem hipotensão arterial ou choque
Grau 4: edema agudo de pulmão, com hipotensão arterial ou choque
Grau 5: parada respiratória e pulso carotídeo presente
Grau 6: parada cardiorrespiratória
A mortalidade é diretamente relacionada com o grau do afogamento (tabela e algoritmo original do artigo).2
Link para SOBRASA, Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático:
https://www.sobrasa.org/tag/david-szpilman
INSTAGRAM: Veja no Núcleo PHTLS MG (@phtlsmg) mais informações sobre o afogamento.
Leituras sugeridas:
- Szpilman D, Webber J, Quan L, Bierens J, Morizot-Leite L, Langendorfer SJ, Beerman S, Løfgren B. Creating a drowning chain of survival. Resuscitation. 2014 Sep;85(9):1149-52. doi: 10.1016/j.resuscitation.2014.05.034. Epub 2014 Jun 7. PMID: 24911403.
Link para o artigo: 10.1016/j.resuscitation.2014.05.034
Nesse artigo os autores discutem sobre a importância da criação da “cadeia de sobrevivência do afogamento” (que é a figura que ilustra esse nosso artigo) e o benefício global da sua implementação. - Szpilman D. Near-drowning and drowning classification: a proposal to stratify mortality based on the analysis of 1,831 cases. Chest. 1997 Sep;112(3):660-5. doi: 10.1378/chest.112.3.660. PMID: 9315798. Link para o artigo: 10.1378/chest.112.3.660
Artigo clássico do Dr. Szpilman, onde ele introduz a “classificação do afogamento em graus”, correlacionando-a o com a mortalidade, a partir de dados originados em atendimentos no Rio de Janeiro.
NOTA IMPORTANTE: a utilização das recomendações desse texto não substitui o estudo e o treinamento prévio do profissional de APH no atendimento e tratamento do afogamento. Esse material não se encaixa em revisão da literatura ou protocolo. Mantenha-se atualizado com a literatura sobre o assunto e com os protocolos do seu serviço de APH.