Análise final do papel da ultrassonografia no atendimento pré-hospitalar (UAPH).
O que diz o PHTLS 9ª edição sobre a UAPH?
Analisando as 3 meta-análises discutidas em sequência, pode-se observar que o tema UAPH tem evoluído e se tornado mais frequente nas publicações científicas, bem como o número de pacientes analisados nos estudos. Apesar disso, devido à qualidade e heterogeneidade dos trabalhos, desfechos com benefícios clínicos de morbimortalidade ainda não são observados.
Nesta edição, pela primeira vez, o PHTLS menciona a UAPH. Por se tratar de uma nova incorporação tecnológica, ele é conservador e se alinha com as melhores evidências da literatura, conjuntamente com as diretrizes e princípios que norteiam o pré-hospitalar, principalmente o do tempo curto de cena e de transporte.
Abaixo, segue o resumo das recomendações do PHTLS:
- O exame FAST é factível.
- Nenhum trabalho demonstrou ainda que o uso do UAPH melhora os desfechos para o paciente com trauma abdominal.
- O FAST pode ser útil em ambientes austeros e com múltiplas vítimas.
- O seu uso não é recomendado como rotina, pois pode atrasar o transporte ou fornecer falsa segurança sobre a real condição do paciente.
Comentários do autor:
- Serviços de pré-hospitalar que desejarem utilizar a ultrassonografia devem ser organizados e possuírem protocolos.
- O conceito de tempo curto de atendimento e transporte pré-hospitalar deve estar bem claro e definido entre os membros da equipe.
- O UAPH NÃO pode atrasar o transporte do paciente.
- Treinamento prévio em ultrassonografia é necessário: EFAST como início para detectar líquido livre.
- O UAPH parece ser eficaz na identificação de líquido livre intraperitoneal e pode ser utilizado para otimizar o atendimento do paciente com o mínimo possível de perda de tempo, ajudando o hospital a se preparar para receber o paciente. Comunicação direta com o hospital de referência é fundamental
- O aparelho deve ser adequado: portátil, tela de tamanho apropriado, desenho simples, intuitivo, tempo curto entre ser ligado e estar pronto para o uso, e resistente à queda.
- Transportes prolongados e aéreos poderão ser os mais beneficiados com o uso dessa tecnologia.
Referência:
PHTLS, Atendimento pré-hospitalar ao traumatizado, 9ª edição, Jones and Bartlett Learning, 2021, páginas 386 e 689.