Análise de artigo: Ultrassonografia no atendimento pré-hospitalar 1/4

Ultrassonografia pré-hospitalar do abdômen e tórax altera a gestão do paciente com trauma: uma revisão sistemática

Prehospital ultrasound of the abdomen and thorax changes trauma patient management: A systematic review

O’Dochartaigh D, Douma M. Prehospital ultrasound of the abdomen and thorax changes trauma patient management: A systematic review. Injury. 2015 Nov;46(11):2093-102. doi: 10.1016/j.injury.2015.07.007. Epub 2015 Jul 26. PMID: 26264879.

Link para o artigo original: DOI: https://doi.org/10.1016/j.injury.2015.07.007

Análise do artigo

A ideia de utilizar a ultrassonografia no atendimento pré-hospitalar (UAPH) inicialmente foi sugerida a cerca de 30 anos atrás, mas na época os aparelhos não eram adequados para esse ambiente.

No ano de 1998, em ambiente remoto de deserto, o uso da UAPH foi reportado para o diagnóstico precoce do hemotórax, pneumotórax, hemopericárdio e hemoperitôneo.

A partir do início dos anos 2000 alguns serviços da Europa, Austrália e América do Norte introduziram a UAPH e demonstram ser possível a sua utilização. Apesar disso, o seu uso no atendimento pré-hospitalar ainda não foi muito difundido.

Algumas das barreiras são relatadas a seguir:

  • Custo do equipamento
  • Custo do treinamento
  • Tempo curto de transporte pré-hospitalar
  • Falta de evidência de um benefício

Protocolo de análise: Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis (PRISMA).

Critérios de procura: trauma de qualquer idade que utilizaram o UAPH para avaliar o tórax e o abdômen. Estudos selecionados pelo seu título e resumo.

Tipos de artigo: estudos de intervenção randomizados e não randomizados; estudos observacionais controlados e não controlados e série de casos.

Revisão dos artigos selecionados: pelos pares (peer reviewed), texto integral e em inglês.

Período: 1/1/1990 à 27/9/2014.

Número de artigos selecionados: 992.

Número de artigos lidos na íntegra: 124.

Número de artigos selecionados para síntese qualitativa: 8 observacionais.

Número de artigos selecionados para síntese quantitativa (meta-análise): nenhum.

Países dos artigos selecionados: Austrália (2), França (2), Alemanha (2), Noruega (1), Holanda (1).

Número total de pacientes analisados que foram submetidos ao UAPH: 906.

Limitações dessa publicação: número pequeno de pacientes, baixa qualidade dos trabalhos com alto risco de viés, heterogeneidade impediu a meta-análise, efeito na mortalidade e morbidade dos pacientes não pode ser analisado e exclusão de trabalhos de língua não inglesa.

Conclusões:

  1. Evidência moderada para apoiar o uso do UAPH considerando as limitações anteriormente descritas.
  2. O UAPH de abdômen e tórax pode alterar o diagnóstico, tratamento, a escolha do hospital de destino e o nível de resposta do hospital que receberá o paciente.
  3. Não há evidência que o UAPH modifique a morbidade e mortalidade do paciente com trauma.
  4. Não há evidência do seu uso por profissionais que não sejam médicos.
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Bruno Belezia
Cirurgião Geral, CRMMG 24451

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